Lembro bons anos com a gurizada, em Florianópolis de violão pra tudo que era lado. Fim de festa, lá estávamos nós. Tocar na praça com os mendigos? É pra já!
E essa coisa toda de mp3 e tal estava apenas começando... "Cara! No Audiogalaxy tá cheio de música brasileira! Achei até Hermeto!" Cifra na internet, só de música pop (pra quem tinha internet, claro).
A gente não tinha estudado música, mas meu irmão me ensinou a ler cifras. Meu outro amigo achava umas tablaturas na internet e tocava tudo do Jimi Hendrix. E, indo atrás do meu irmão e quem mais fosse, íamos aprendendo a ler um pouco de partituras. Meu irmão era fogo! Me ensinou intervalos, trouxe um vinil do Chico de um sebo, me deu de presente outro da Beth Carvalho (Dé Pé No Chão, 1978. Raphael Rabello no 7 cordas...), e, golpes fatais: começou a ouvir mais e mais choro, e foi numa oficina do Alegre Corrêa. Pronto, ele iria pra Unicamp, se tornar o baterista do Quatro a Zero, entrar pra história do choro, prestar grandes serviços ao samba, principalmente com o Cupinzeiro. Isso, só pra resumir... e eu, passaria anos sonhando em tocar choro. Uma coisa muito distante... eita, negócio difícil!!
De volta ao fim do século XX e começo do XXI... eu e meus amigos íamos desafiando nossos ouvidos (e mãos!), tirando tudo que era Chico Buarque, João Bosco... maravilha era vir com algo novo pras rodinhas de violão. E dar um jeito de deixar músicas com a nossa cara e e também trazer o que a gente compunha. E eu seguia tentando tocar choro... (lá pelo fim de 2008 eu comecei a conseguir!)
E, hoje, em Maringá, década de 10! Parece que acontece de novo, o mesmo espírito. A gente faz a roda de choro toda 6a lá no Departamento de Música e toda 6a a gente aprende algo novo. É um sonho poder tocar e fazer uma música que nos encanta a todos. Um ser antigo e raro como o choro é cheio de manhas e às vezes a gente apanha feio. Vamos no nosso ritmo, com respeito, dedicação. E, sim, com personalidade, para não negar o próprio espírito de um gênero pautado pelo desafio, de um país pautado pela diversidade. E a gente vai descobrir os seus segredos, viver as suas nuances. E dar nossa colaboração. Assim espero...
Colaboração. Tenho que anotar isso num caderninho. Acho que colaborar deve ser a maior parte do tempo mais importante que inovar. E quem fala isso é um compositor... bom, acho esse ponto muito profundo. Pra mais discussões basta cevar uma erva mate ou me oferecer um café! Vamos seguir aqui que esse negócio tá ficando longo!
Pessoal, obrigado por terem essa dedicação humilde, sincera e esforçada à música. É um baita prazer fazer essa roda de choro onde há cada vez mais amigos!
Agora, os caracteres pragmáticos dessa postagem -> Aqui está um espaço pra fazermos bom uso. Observações legais, registrar repertório, colocar partituras, áudios, vídeos...